Terça-feira, 25 de Abril de 2006

O PADRINHO...

 

 

ANA’KRÓNIKA.IV

ANA’KRÓNIKAS são relatos impossíveis de colocar rigorosamente no tempo, retirados da memória onde jazem sob grossas camadas de fantasia, não sendo, portanto, nem verdadeiros nem falsos...)

 

 

           

 

 

 

            O vizinho Barrote era perdido por matanças. O bom comer, o bom beber e a alegria que toda a matança proporcionava eram uma tentação insuperável.

 

            Não podia, portanto, o vizinho Barrote deixar de incentivar a família Pontes, co-inquilinos lá do prédio, a criar um leitãozinho para aproveitar o chiqueiro desabitado do quintal. Prometia todo o apoio na alimentação do animal e todas as diligências que haveriam de levar à inevitável matança.

 

            Eram abundantes as "lavagens" que o vizinho Barrote fornecia: os restos da comida das próprias refeições, as águas da lavagem das loiças, lâminas de barbear usadas, lâmpadas fundidas, conchas de lapas e cascas de santolas, latas de conservas, peúgas...

 

            Passaram meses e meses e o bicho pouco medrou. Triste, inchado e guedelhudo , assemelhava-se a uma bola de basquete felpuda. Não era bonito de ver! Era certamente da raça do bicho, costumava o vizinho esclarecer os proprietários do infeliz!

 

            Em Novembro fazia frio e o leitão completava ano e meio de idade. O vizinho Barrote, desconfiado quanto a melhorias e impaciente quanto à festança, resolveu, na qualidade de “padrinho” do porco, aconselhar os Pontes a fazer a matança no 1º de Dezembro.

 

            Na madrugada do dia foram ao curral e levaram o “afilhado” ao colo para o fundo do quintal, deitaram-no sobre a cadeira da avó Pontes e às 6 e meia em ponto espetavam-lhe a faca nas goelas. Acto contínuo o bicho como que esvaziou ficando-se pela metade do volume que tivera enquanto vivo. O vizinho Barrote explicou imediatamente que era, afinal, um problema de gazes!

 

            Num ápice, sob as instruções do “padrinho”, sucederam-se as operações de limpeza do cadáver...entretanto, o próprio já cozinhava os primeiros petiscos: uma especialidade confeccionada com a focinho e os pezinhos do falecido. Cheirava maravilhosamente e, à conta disso, serviram-se várias rodadas de bom vinho.

 

            Por volta das quatro horas da tarde não restava uma febra de carne nem um pingo de aguardente e toda a gente se sentia muito feliz. As crianças jogavam à bola com a pequena beXiga do desditoso animal. Os mais idosos jogavam ruidosamente à “sueca”. À parte, o vizinho Barrote tentava entusiasmar o Pontes a arranjar-lhe um “afilhado” novo...

 

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Quinta-feira, 13 de Abril de 2006

Devoção, Fé e desembaraço.

 

ANA’KRÓNIKA.III

(ANA’KRÓNIKAS são relatos impossíveis de colocar rigorosamente no tempo, retirados da memória onde jazem sob grossas camadas de fantasia, não sendo, portanto, nem verdadeiros nem falsos...)

 

            A Tia J’aquina , uma criatura de fé à prova de bala e devoção insaciável, aproveitava todas as oportunidades para aplicar tais predicados.

            Por maioria de razão, fazia da caminhada dos 600 metros que distava sua casa à ermida do Padre Manuel Maria do Couto onde ia ouvir a missa dominical, uma peregrinação pessoal que cumpria orando fervorosamente terços a meia voz.

            Graças à passada curta e lenta que as pernas lhe permitiam e à técnica verdadeiramente profissional que utilizava nessa tarefa, conseguia oferecer “por alma dos que já lá estão”, um rosário completo.

            Dizem que, conta a conta, orava assim:

 

      Avé Maria Cheia de graça,

      O Senhor é convosco,

      ...  ...  ...  ...  ...  ...

      ...  ...  ...  ...  ...  ...

      Agora e na hora da nossa morte e Amena,

 

      Esta é com’à outra,

      Esta é com’à outra,

      Esta é com’à outra,

...  ...  ...  ...  ...  ...

            Padre nosso que estais nos céus...”

 

            O que contava eram a intenção e a intensidade. De resto, uma vez chegada à ermida, algo cansada mas feliz e rosada, logo participava, ainda mais intensamente, num outro terço conduzido pelo próprio Padre Couto com as mais variadas intenções aplicadas a cada mistério.

            No seu hábito de Nossa Senhora do Carmo, na primeira fila, ao centro, a Tia J’aquina quase irradiava luz!

 

P.S. Todos os dias à boquinha da noite, já deitadas, as crianças lá de casa ouviam, vindas dos corredores, preces sussurradas pela Tia J’aquina que as deixavam meio fascinadas meio aterradas:

       “Na hora da minha morte três coisas (vos) quero pedir: a confissão a sufissão ” (absolvissão ) e a cera da Bela Luz. Salvai (-me) “bum Jasus ”.

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Sexta-feira, 7 de Abril de 2006

FERTILITY

 





                Nova Iorque é um daqueles lugares do mundo onde se reúnem, abundantemente, condições para que, os que o desejam, derrubem os confins artísticos, sociais, comerciais, intelectuais, políticos...



               Todas as actividades humanas, todas as atitudes, todos os projectos estão em aberto em Nova Iorque.



                Ela é a Metrópole, é a Utopia. Nova Iorque é o LUGAR! 

           

            Comporta todos os excessos - os surpreendentes e os insuportáveis também.


                Nova Iorque é facultativa e obrigatória, auto estimula-se e não deixa ninguém indiferente.

             É possível deixar de a experimentar mas é muito desejável experimentá-la...Toda a gente deveria poder ser nova-iorquino pelo menos por um dia! 







                 Algures no SoHo,  à porta da MIMI FERZT GALLERY, esta intrigante criatura (FERTILITY?) não me deixa mentir.













 


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