ANA’KRÓNIKA.VI
(ANA’KRÓNIKAS são relatos impossíveis de colocar rigorosamente no tempo, retirados da memória onde jazem sob grossas camadas de fantasia, não sendo, portanto, nem verdadeiros nem falsos...)
Acho que não minto se disser que vi, um dia, quando era criança, o Menino Jesus da Tia Chica corar e virar a carinha para esconder um sorriso maroto, quando a ouviu gritar à janela para uma vizinha que acabara de passar:
-Ah Etelvina, o meu Menino mija!
Olá Menino Jesus,
Sempre gostámos de vos dar pratinhos de trigo.
Aqui já não o semeamos, mas continuo a imaginar que S. José toma o trigo de todos os altares de Natal desta ilha e com ele faz uma seara. Depois colhe-o e transforma-o em farinha com que a Senhora vossa mãe fará pãozinhos para vós!
Também gostamos de vos oferecer laranjas. Em tempos elas eram a única coisa cor de ouro que tínhamos. E...nem só de pão vive o Homem.
Estas deu-mas minha irmã que, como sabeis, é doida por laranjas. Que bem que ficam a vossos pés!
A lamparina de azeite é uma tolice nossa: como temos medo do escuro achámos que vós também teríeis. Como se a escuridão fosse possível à vossa volta! Perdoai a nossa ignorância. Mas...deixa um cheirinho...!
As camélias, Menino, não são para vós. São para Nossa Senhora que Ela é que há-de gostar!
Agora um pedido. Se achardes bem, vede o que podeis fazer pelos meninos da palestina. Eles são vossos conterrâneos!
Obrigado, Menino Jesus.
Belos e frágeis. Nascem, mas principalmente vivem, sobre a putrefacção de matéria orgânica. Vivem à custa de outrem.
São efémeros. Até pela dependência de que se nutrem.
São enganadores, porque a mais das vezes, sem o parecerem, são fatalmente venenosos.
Mas são assim os cogumelos. São apenas organismos inferiores sujeitos a estas normas. Todavia, há pessoas que se comportam “ipsis verbis” como cogumelos: vivem dos restos de outros, são-lhe totalmente dependentes e tornam-se muito venenosas.
É o caso da infeliz Carolina que fossou na lama, participou em crimes e, agora, pretenderia estar “arrependida”. É tal a fraqueza da coitada que confundiu arrependimento com vingança.
Ou então, não. É mais... aquela esperteza saloia.
Quem lhe terá dito que um livro sobre o assunto se arrisca a tornar-se num “best seller ” neste país de Floribelas , Big Brothers , Quintas das Celebridades, Fiéis ou Infiéis ...? E já lhe disseram até que é hora de lançar o segundo livro que deverá ser, necessariamente , muito mais disparatado que o primeiro. Para não defraudar as expectativas sempre crescentes dos apreciadores do género!
Agora o crime compensa. Muito. É até possível explorar comercialmente os próprios crimes!
Alguém disse que o Natal é sempre que um homem quiser . Pode passar-se a dizer que o Natal é para o que, neste caso, uma mulher quiser .
Gritam todas as autoridades: deixem funcionar a Justiça!... Mas quando?? E como?? E que Justiça??
O outro, que era bêbado, dizia: este país é um colosso!
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