o escritor lavra a palavra
mas se semeia uma ideia abstracta
que se torna para nós concreta
(uma ideia-objecto )
é porque se trata
de um poeta
um arquitecto
No rol dos bens escassos e em vias de extinção incluem-se já o silêncio e a escuridão.
A cavalgada espasmódica do quotidiano gera volumes brutais de som e muito mais ainda de ruído. Incessantemente. Voluntária e involuntariamente. Por boas razões, por tudo, por nada...Produz tanto movimento, tanta cor e tanta forma, tanta luz, por deslocar tudo e todos, por disputar as atenções, para surpreender, para entreter e para alertar, para informar e para distrair...
Tamanha congestão obsta a qualquer orientação. Fica-se perdido.
Poucos apreciarão o silêncio e o escuro por longos tempos como poucos poderão dispensá-los em justas doses e em momentos adequados. Eles são ingredientes imprescindíveis ao repouso e à criação da circunstância para que cada um possa sentir o discurso do seu próprio espírito.
Nas mega metrópoles onde se concentra a parafernália dos meios de vida moderna - e os direitos têm tendência a tornar-se em negócios - hão-de surgir "centros de silêncio" ou "trevódromos" onde, pagando uma fortuna, se acederá a uns momentos de vazio.
Milénios e milénios de evolução e aperfeiçoamento e a diferença continua a causar desconfiança, medo, repulsa, ódio e um ror de reacções primárias e irracionais. Por causas ancestrais e pela natureza humana as sociedades e as suas culturas foram tornando essas atitudes hereditárias e generalizadas. Já tínhamos, porém, obrigação de adoptar comportamentos mais inteligentes, mais justos e naturais, mais razoáveis, menos preconceituosos e empobrecedores.
Aquele que não é como eu é perigoso, suspeito, indesejável...? E vice-versa? E no entanto quem decidirá qual de nós estará certo? Não podemos estar ambos certos ou ambos errados? Pelo menos em parte? Terá de ser mesmo assim: ou um ou outro?
A diferença origina diversidade e a diversidade gera enriquecimento mútuo. Só mal intencionada ignorância, receio injustificado, falta de confiança infundada podem sustentar o contrário.
As almas lavadas e os espíritos abertos não temem a diferença, apreciam-na e respeitam-na porque sendo-se diferentes é-se mais fundamentalmente iguais. Disso percebem muito as crianças... antes de serem “educadas”!
Como era bela e diferença entre Neruda e o carteiro. Ao ponto de se tornarem quase gémeos ...
KRITIK’ANDO .X
(KRITIK’ANDO são reparos sobre coisas que nos saem ao caminho e nos alteram o resto do dia...)
Senhoras Entidades Licenciadoras,
os vossos critérios de decisão continuam medonhos. Apesar de contornada a barreira psicológica do ano 2000, laborando, portanto, Vossas Senhorias inexoravelmente no século XXI.
Deve baralhar completamente Vossas Senhorias a coexistência de tanta norma supranacional com a "tacanhezinha " local. Tudo conduzido por pessoal muito dado ao exercício do pequeno poder e pouco dedicado à boa solução dos problemas.
E os resultados?! Uma vergonha, Senhoras Entidades Licenciadoras. Uma vergonha!
O exemplo exposto é muito incómodo. Quem concebeu e propôs semelhante edifício? Com que explicação? Está tudo conforme o PDM? Cumpre os requisitos estéticos, ambientais, de segurança...?
Deveria chamar-se "Edifício-Bairro-Social-Retro ” ou "Edifício-Expresso-Cor-De-Rosa ” e é muito difícil de engolir.
Paciência, Senhoras Entidades Licenciadoras. Paciência!
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