MITO”GRAFIAS III
(São notas sobre objectos, lugares e comportamentos ou atitudes que não deixando saudades ainda assim me dão que pensar.)
Àquela ideia antiga de que “burro velho não aprende letra” respondeu-se que “o saber não ocupa lugar” e que é “aprender até morrer!”.
Agora pedem-nos que aprendamos todos os dias que passam. Sob pena de ficarmos muito rapidamente fora desta realidade torrencial.
Mas se estivermos com atenção, algumas vezes o que nos estão a pedir é que desaprendamos. Porque nos pedem que reneguemos algo que tomámos como boa informação para aderirmos a um conhecimento substitutivo de discutível consistência. A certos tipos de conhecimento de circunstância, de moda, de conveniência económica, política, social ou outra qualquer que seja. Pedem-nos, por exemplo, que esqueçamos tudo o que esforçadamente aprendemos sobre consoantes surdas, acentuação ou gramática porque...blá, blá, blá.
E se estivermos com muita mais atenção, o que algumas vezes nos estão mesmo a pedir é que reaprendamos. Não é que, ironicamente, práticas dos tempos do subdesenvolvimento como aproveitar latas, garrafas, frascos de boca larga, roupa velha ou lixo, são agora, práticas “verdes”, “ecológicas” e “modernas” a que chamam “reutilização”?! Possivelmente vão até tornar-se vitais ao planeta!!
Estas cambalhotas não abonam em favor daqueles que se atrevem a dirigir os destinos dos povos. Afinal aprender pode valer de nada porque demasiadas vezes não demora a revelar-se puro logro.
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