MITO”GRAFIAS IV
(Sâo notas sobre objectos, lugares e comportamentos ou atitudes que não deixando saudades ainda assim me dão que pensar.)
É quase sempre assim. Começa por ser uma ideia genial que muda tudo, abre perspectivas novas, de tão revolucionária parece definitiva e à qual não se podem apontar defeitos. Com o petróleo também foi o caso.
Rolavam os primeiros automóveis todos pimpões, raros, cobiçados mas inacessíveis, inofensivos e desejáveis quando surge uma nova e promissora aplicação desse líquido precioso: um pequeno fogão simples de utilizar, capaz de acabar com o fumo e a fuligem nos lares, capaz de cozinhar as refeições em metade do tempo, de permitir o uso de trens mais leves, mais higiénicos e mais práticos. O célebre fogão “PRIMVS”!
O fogão “PRIMVS” ardia diligentemente com um pouco de petróleo, ocupava um pequeno espaço e era fácil de limpar até brilhar como o ouro.
Durou pouco aquela magia: rapidamente apareceria um novo fogão que usava um gás em vez de um líquido, não deixava no ar o cheiro untuoso do combustível, não defumava os tachos e tinha forno incorporado!
O petróleo não era definitivamente apropriado para a cozinha. Aquilo funcionava bem era nos carros, aviões e todo o tipo de máquinas e motores. Era a solução de todos os problemas do progresso e, principalmente, era, à altura, inesgotável!
Aquele cheiro desagradável dos fumos daquela maquinaria toda? Nada de especial! Dióxido de quê? E depois?
E pronto. Cá estamos nós. O preço dos combustíveis é um problema que faz dos preços dos alimentos outro problema? O planeta está sufocado, quente e inóspito? A crise deixou de ser uma questão aguda para se tornar numa situação crónica? E daí? O que é que querem que se faça agora? Se têm alguma ideia melhor digam lá qual é ou então calem-se para aí. Ora essa! A ideia era boa e se isto aconteceu foi sem querer. Vocês nunca se enganaram?
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